Depois da surpreendente agressividade da petista Dilma Rousseff no primeiro debate do segundo turno, o segundo duelo, realizado ontem à noite pela RedeTV! e pela Folha de S. Paulo, foi marcado por ataques calculados de ambos os candidatos.
Já os grandes ausentes do debate foram o tema do aborto e do meio-ambiente, este só mencionado de passagem por Dilma em suas considerações finais.
Enquanto Dilma tentou seguidamente encurralar o tucano José Serra com o mantra da privatização, agora reciclado para o futuro do pré-sal, de sua parte, Serra tentou colar em Dilma o carimbo do despreparo e da falta de conhecimento na gestão pública.
Exemplos:
De Dilma para Serra: “O governo do Fernando Henrique, do qual o Serra fez parte tentou mudar o nome da Petrobras para Petrobrax, para agradar os investidores internacionais.”
E também: “o candidato Serra diz que é a favor do fortalacimento das estatais, mas ele, quando era ministro do Planejamento, assinou o decreto de desestatização do sistema Eletrobrás. O que o senhor vai fazer, vai reestatizar como nós?”
(Assim como Dilma fez seguidamente, Serra não respondeu à essa provocação)
De Serra para Dilma: “Quando fala de educação e saúde, a Dilma se comporta como fosse candidata ao governo do estado [de São Paulo]. Ela segue essa estratégia [dos candidatos do PT] de falar mal de São Paulo, que é fracassada. Foi assim que eles perderam a eleição.”
E ainda: “Do meu lado, me apoiando, tem dois ex-presidentes: o Itamar e o Fernando Henrique Cardoso, que fizeram o Plano Real. Ela tem o Collor e o Sarney.”
Sobre os casos Erenice e Paulo Preto: Ambos personagens só apareceram no debate através de perguntas de jornalistas.
Quando indagado sobre o fato de desconhecer supostas denúncias de desvio de dinheiro de sua campanha pelo engenheiro Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, Serra disse que tal acusação é descabida e faz parte da “estratégia do pega ladrão” do PT.
“Esse é o método. Disseram que alguém tinha recebido uma contribuição para essa campanha e não tinha entregue. Eu sou a vítima. Isso não aconteceu na minha campanha”, disse Serra. “Alguém teria pego e não entregue para a campanha. Nunca veio ninguém reclamar que o dinheiro não chegou.”
E quando inquirida sobre o fato de desconhecer os desmandos promovidos por Erenice, sua ex-assessora de confiança na Casa Civil, Dilma disse: “as pessoas erram e a Erenice errou. (…) Quero deixar claro que eu considero a situação da Erenice com muita indignação. Não concordo com a contratação de parentes e de amigos. Eu tenho um compromisso em combater o nepotismo e o tráfico de influência. Nós investigamos, e a Erenice saiu do governo. A Polícia Federal está investigando o caso e 16 pessoas foram interrogadas. Isso significa que nós apuramos aquilo que acontece.”
Citando a revista Veja, Dilma disse ainda que Paulo Preto estaria envolvido em desvios do recursos nas obras do Rodoanel paulista e que Serra deveria investigar um caso que data de maio deste ano.
Serra ganhou por pontos:
Em função de um certo nervosismo de Dilma, que seguidamente se apoiava em muletas verbais burocráticas como a expressão “no que se refere” – só numa resposta sobre educação ela repetiu a expressão cinco vezes – Serra ganhou o debate por pontos.
Nas considerações finais, em meio a sorrisos, o tucano repisou com eficiência o tema da infância humilde, acrescentando um tom ufanista, que o “Brasil é um país que já está na hora de ser gigante pela própria natureza”, além de pedir votos ao eleitor.
Já Dilma, num discurso claramente ensaiado, disse que tinha a “honra de ser apoiada pelo presidente Lula” e usou uma boa frase de efeito: “em 2002 a esperança venceu o medo. Agora a esperança e o amor vão vencer o ódio”, numa referência indireta à polêmica sobre o aborto.
Dado o horário de exibição, o Ibope do debate teve uma média de 4 pontos na Grande S. Paulo, região usada como um indicador nacional de audiência.
Mas os melhores momentos de cada candidato certamente irão rechear o horário eleitoral desta semana, numa edição que certamente fará parecer que o candidato oponente foi a nocaute…
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