domingo, 12 de dezembro de 2010

Moradores atacam sem-teto em parque de Buenos Aires




BUENOS AIRES  - Moradores tentaram desalojar na noite desta sexta-feira cerca de mil desabrigados, a maioria estrangeiros, que ocupam um enorme parque na zona sul de Buenos Aires.
Vizinhos do Parque Indoamericano, a maioria de classe média, atacaram os sem-teto - bolivianos e paraguaios -, queimando dezenas de barracas.
O ataque deixou um morto e vários feridos, segundo a TV argentina.
A vítima fatal é um jovem de 19 anos que recebeu um tiro na cabeça, informou Alberto Crescenti, diretor do Serviço Médico Metropolitano de Emergência (Same).
Entre os mais de dez feridos no ataque, houve vários baleados.
Crescenti destacou que os serviços de emergência não conseguiam entrar no Parque Indoamericano, porque estavam "atirando contra as ambulâncias".
Os choques ocorreram diante da ausência quase total de policiais na região, após a morte de um boliviano e de uma paraguaia, há dois dias, durante uma operação da polícia para desalojar os sem-teto.
Outro cidadão boliviano faleceu na quarta-feira.
"Não queremos uma favela no parque", gritava um grupo de pessoas, após uma assembleia que decidiu pela expulsão dos sem-teto por conta própria, sem a ajuda da polícia.
Moradores da região bloquearam avenidas para exigir a retirada dos sem-teto do Parque Indoamericano, enquanto vários homens, muitos com arma de fogo, invadiam o local para retirar os sem-teto.
Em meio a uma chuva de pedras e tiros intermitentes, um grupo organizado de vizinhos do Parque avançou sobre o local para desalojar os sem-teto e queimar suas barracas.
No início da noite, o Parque Indoamericano estava coberto por colunas de fumaça e barracas em chamas, mas a visibilidade era quase nula nesta área descampada, sem luz artificial, cercada por prédios populares e ocupações, o que ampliava o clima de terror na região.
A presidente argentina, Cristina Kirchner, que anunciou no início da noite a criação do ministério da Segurança, criticou a ação contra os sem-teto: "não estou disposta a ver a Argentina entrar para o clube de países xenófobos".
Kirchner mirava no prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, que atribuiu os incidentes no Parque Indoamericano, sob sua jurisdição, à "imigração descontrolada" e a "organizações criminosas".

Nenhum comentário:

Postar um comentário