quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Mark Zuckerberg, presidente do Facebook, é eleito a personalidade do ano

O título foi concedido, de acordo com a revista, devido ao papel do Facebook, que já conectou meio bilhão de pessoas


São Paulo – “Por conectar mais de meio bilhão de pessoas e mapear as relações sociais entre elas; por criar um novo sistema de troca de informações; e por mudar a forma como todos nós vivemos nossas vidas, Mark Elliot Zuckerberg é a Pessoa do Ano de 2010 da Time.”
Assim a revista norte-americana justifica a escolha do fundador e atual presidente-executivo do Facebook para o título mais importante concedido anualmente pela publicação. Zuckerberg bateu nomes como o do criador do site WikiLeaks, Julian Assange, e do movimento conservador de ultradireita norte-americano Tea Party (apesar do nome, a edição especial da Time pode destacar um casal, grupo, ideia, lugar ou máquina, além de uma pessoa).
Para os editores da revista, o jovem de 26 anos, “mais do que qualquer outra pessoa”, está no centro de uma evolução na forma como nos conectamos com outros indivíduos e instituições.
“Há uma erosão na confiança nas autoridades, uma descentralização do poder e ao mesmo tempo, talvez, uma fé maior no outro. Nosso senso de identidade é mais variável, enquanto nosso senso de privacidade está se expandindo. O que antes foi considerado íntimo agora é compartilhado entre milhões”, diz o editorial da revista, assinado por Richard Stengel.
Criado por Zuckerberg em parceria com colegas de quarto da faculdade, em 2004, o Facebook caminha hoje para a marca de 600 milhões de usuários ativos, conectando quase um décimo de todo o planeta. Diariamente, cerca de um bilhão de novos conteúdos são publicados na rede social. Se fosse um país, o site seria o terceiro maior do mundo em população, atrás apenas de China e Índia.
Pouco mais de seis anos depois de fundar o Facebook, Zuckerberg este ano conseguiu superar o presidente-executivo da Apple, Steve Jobs, 55, na lista dos mais ricos dos Estados Unidos, divulgada pela revista Forbes. Com uma fortuna estimada em US$ 6,9 bilhões, Zuckerberg foi o nome cujo patrimônio mais cresceu em um ano – o ganho foi de 245%. No início de outubro, o jovem já havia sido eleito pela revista Vanity Fair a pessoa mais influentes da chamada Era da Informação.
Figura controversa, Zuckerberg é retratado como um jovem inteligente e tímido, mas ao mesmo tempo ambicioso e controverso, no livro “The accidental billionaires: the founding of Facebook, a tale of sex, money, genius and betrayal” (“Bilionários por acaso: a criação do Facebook, uma história de sexo, dinheiro, genialidade e traição”), de Ben Mezrich.
A história de que o jovem teria roubado a ideia de desenvolver uma rede social de ex-colegas de Harvard, universidade que acabou abandonando, foi parar nos cinemas de todo o mundo este ano. "A Rede Social", dirigido por David Fincher e inspirado no livro de Mezrich, é um dos grandes favoritos para o Oscar, e recebeu seis indicações no Globo de Ouro.
A revista Time escolhe uma Pessoa do Ano desde 1927 e sempre faz questão de ressaltar que o título não se trata de um prêmio ou uma recompensa, concedida a pessoas admiráveis. O destaque é dado, na verdade, como forma de reconhecimento à pessoa que “para o bem ou para o mal, mais influenciou eventos no ano”. O líder nazista alemão Adolf Hitler, por exemplo, foi a Pessoa do Ano de 1939.
Stengel assinala ainda que o Zuckerberg está com 26 anos, a mesma idade em que a rainha Elizabeth, do Reino Unido, recebeu o prêmio de personalidade do ano, em 1952. “Mas, diferentemente da rainha, ele não herdou um império; ele criou um”, salienta.
Escolha do público
Antes de anunciar a edição especial com o perfil da Pessoa do Ano, a Time abriu uma votação pela internet para que o público apontasse a personalidade preferida. A revista deixou claro que escolha editorial poderia ou não condizer com a escolha dos internautas.
Na votação popular, o nome mais indicado foi o de Julian Assange, criador do site WikiLeaks, que desde o fim de novembro vem publicando uma série de telegramas confidenciais redigidos por diplomatas norte-americanos.
Stengel, da Time, compara os dois principais concorrentes ao reconhecimento. “De certo modo, Zuckerberg e Assange estão dos dois lados de uma mesma moeda. Ambos expressam o desejo de abertura e transparência. Enquanto Assange ataca grandes instituições e governos através da transparência involuntária com o objetivo de tirar o poder deles, Zuckerberg habilita as pessoas a voluntariamente compartilhar informações com a ideia de dar poder a eles. Assange vê o mundo cheio de inimigos reais e imaginários; Zuckerberg vê o mundo repleto de potenciais amigos. Ambos tem um certo desdém com a privacidade: no caso de Assange porque ele sente que ela faz o mal florescer; no caso de Zuckerberg porque ele a vê como um anacronismo, um impedimento para uma conexão mais eficiente e aberta entre as pessoas”.

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