segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A carreira é uma escolha previsivelmente irracional?

Por Carlos Faccina

Entre os vários argumentos que o piloto Felipe Massa utilizou para justificar a condução mais relaxada de sua Ferrai em favor do companheiro de equipe é de que ele “era profissional”. Ou seja, se você é “profissional” em sua carreira, é de se imaginar que princípios éticos e valores intrínsecos à prática esportiva (ou profissional) devem dar lugar aos resultados da empresa para quem trabalha.
Em outras palavras (para repetir também a filosofia comercial que orienta a atuação externa do Governo Federal), “negócios são negócios”.
Fernando Alonso chegou a dizer que não se importava com jornalistas, mas sim com quem pagava seu salário. Enganou-se, pois esqueceu da Opinião Pública, essa sim responsável pelos seus vencimentos. A repercussão negativa na imprensa mundial fez com que os atores recuassem um pouco, mas não é garantia de que “jogadas” não tirem mais ainda o encanto pelo disputa que se julgava esportiva.
Há muito tempo o esporte deixou de lado, em praticamente todas as modalidades competitivas, o conceito de que “o importante é competir”. Atletas de alto desempenho dependem de resultado para se manter no topo, o que significa alto rendimento. A metáfora da competição saudável deixou de ser uma boa referência para a educação de nossas crianças, tomando lugar a necessidade de vencer a qualquer custo.
Ouvimos falar muito em hipocrisia em relação aos românticos que pregam a competição justa no campo de jogo.
A prática da boa governança corporativa para mim ainda é base para o sucesso das organizações no longo prazo. No post O externo é o rei, destaquei que “fazer carreira pressupõe dominar técnicas administrativas, mas, sobretudo, ter um olhar para o papel social da empresa e reconhecer o que realmente importa como valor aos agentes sociais”.
Compreender o social e os agentes culturais pode ser o elemento decisivo para competir e, consequentemente, para destacar a sua empresa e sua carreira. Talvez essa percepção não esteja clara antes da linha de chegada, mas Felipe Massa e a Ferrari já sentiram os riscos profundos provocados em seus currículos pelas decisões que tomam.

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