Casa onde nasceu Nevaldo Rocha
Casa no alto dos Linhares demonstra que o maior empresário de Caraúbas não esqueceu as origens. O dono da Riachuelo, Neval Rocha, não conseguiu separar o vinculo afetivo que tem pela terra natal. Como disse Assis Chateaubriand, "A providência Divina nos colou ao torrão natal com um imã invencível". Dizem que toda vez que o Açude Grande sangra, seu jatinho particular sobrevoa aquela região. Será que Nevaldo sente o peso do poeta romancista Casimiro de Abreu?
MEUS OITO ANOS
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida,
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
à sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
.
Como são belos os dias
Do despontar da existência!
- Respira a alma inocencia
Como perfumes a flôr;
O mar é - lago sereno,
O céu - um manto azulado,
O mundo - um sonho dourado,
A vida - um hino d'amor!
.
Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra d'aromas cheia,
As ondas beijando a areia,
E a lua beijando o mar!
.
Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das maguas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias,
E beijos de minha irmã!
.
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberto o peito,
-Pés descalços, braços nús,
Correndo pelas campinas,
A roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!
.
Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava as Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!
.
Oh que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida,
Que os anos não trazem mais!
- Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
à sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Por Dr. Canindé de Freitas
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