terça-feira, 14 de setembro de 2010

Especialista em Moda visita Grupo Morena Rosa

Doris Treptow é autora do livro “Inventando Moda: Planejamento de Coleção” e hoje trabalha nos Estados Unidos


A gaúcha Doris Treptow (imagem) estará visitando o Grupo Morena Rosa amanhã, em Cianorte. Ela é uma das maiores especialistas em Moda no Brasil: graduada em Administração de Empresas e tem pós-graduação em Moda (Criação e Produção) pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), é técnica em Estilismo Industrial pelo Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil (SENAI/CETIQT), do Rio de Janeiro.
Doris Treptow é professora de cursos de Moda, faz consultoria e palestras e atualmente leciona nos Estados Unidos, onde passa por uma atualização profissional. Ela é autora do livro “Inventando Moda: Planejamento de Coleção”, que faz parte da grade dos cursos de Moda em todo o Brasil. Doris Treptow estará amanhã (9) no Grupo Morena Rosa, em Cianorte, para coletar informações e imagens para uma atualização da edição do livro “Inventando Moda”. Fizemos uma entrevista com ela que você confere a seguir:

GRUPO MORENA ROSA - Como deve trabalhar uma marca que quer ser sucesso nos negócios, mas com um conceito?...  Qual o ponto de equilibrio entre a moda conceitual (mostrada em eventos como as Semanas de Moda) com a moda comercial (das vitrines das lojas)?




DORIS TREPTOW - O amadurecimento do mercado consumidor é evidente. Cada vez mais os consumidores possuem acesso à informação de moda e realizam escolhas criteriosas. Se nos anos 80 as empresas apresentavam “qualidade” como diferencial competitivo, hoje a qualidade é requisito inicial para qualquer negócio. Nos anos 90 produtos atualizados conforme as tendências de moda garantiam a competitividade no setor, mas hoje empresa fora de moda está fora do mercado. O consumidor espera mais do que moda e qualidade: uma marca deve oferecer uma proposta de identidade com a qual o consumidor possa se relacionar através do consumo de produtos. Ele não está apenas adquirindo uma roupa, mas uma identidade da marca a qual passa a projetar como parte de seu estilo pessoal. As peças conceituais apresentadas nos eventos de moda podem não representar um produto que será consumido pelo cliente, mas ajudam a reafirmar a identidade da marca e são importantes geradoras de publicidade. O ponto de equilíbrio se encontra em conseguir promover a comunicação com a cliente sem confundi-la. A consumidora precisa ainda ser capaz de compreender a identidade da marca, ser seduzida pelos looks conceituais, e confirmar sua preferência pela marca através do consumo.



Você pesquisa sobre moda há vários anos e está nos EUA. Qual a relação da moda feita no Brasil com o mundo, estamos atrasados e avançados em quais aspectos?


A moda é global, mas a interpretação das tendências varia conforme o mercado. Moda é consumida de maneiras diferentes no mundo. A moda produzida no Brasil é adequada para a consumidora brasileira, que em geral é conhecida por gostar de ornamentação nas roupas, modelagem que enfatizem as curvas do corpo e sem receio no uso de cores. Se a penetração de marcas brasileiras em mercados internacionais não é maior, é porque algumas empresas procuram impor um estilo que não é necessariamente aceito no mercado em que pretende inserir-se. Não é uma questão de atraso ou avanço, e sim de adequação.



No que você ganhou mais dinheiro até hoje: dando aula, lançando livro ou palestrando?


Ganhar dinheiro?! (risos) Possuo uma vida confortável e faço o que amo, mas enriquecer ainda não aconteceu. Lecionar é uma escolha de paixão e vocação, mas eu provavelmente ganharia mais trabalhando como designer. Minhas palestras não são cobradas, mas as realizo com carinho. O “Inventando Moda” foi lançado em 2003 como publicação independente. Na época as editoras não se interessaram pelo livro, então raspei minhas economias e publiquei mesmo assim. Minha intenção era contribuir para o ensino de moda, pois como professora eu achava difícil encontrar bibliografia em português no assunto. O investimento começou a dar retorno a partir da terceira edição e hoje são mais de 10 mil exemplares vendidos.



Com a abertura de vários cursos de Moda no Brasil, o segmento virou, literalmente, moda. Qual deve ser o interesse e foco de um estudante que começa a estudar Moda hoje?


A formação em moda oferece inúmeras possibilidades. O aluno deve compreender as relações entre marketing, design, administração, produção, promoção e vendas como um sistema integrado. Aprendendo sobre todas essas áreas ele pode identificar preferências e buscar especializar-se, mas a visão holística do setor é fundamental. Não há espaço para designers que não considerem aspectos de produção ou metas de vendas, nem para gerentes de produção ou representantes comerciais que sejam resistentes a inserção de novos produtos.



Qual seu sonho como profissional do segmento de Moda?


Atualmente, meu sonho é ver um ex-aluno desfilar sua coleção na semana de moda de New York. Tenho uma ex-aluna competindo na atual temporada do Project Runway. Muitos ex-alunos estão bem colocados trabalhando para designers como Oscar de La Renta ou Francisco Costa. Alguns ex-alunos começaram suas próprias marcas. Não deve faltar muito para que um deles chegue lá.



Em ordem de prioridade, quase devem ser os principais investimentos de uma empresa de moda hoje? (designers, pesquisa, máquinas, representantes, divulgação, brindes, etc)


O maior investimento deve ser no relacionamento com clientes. Seja através de pesquisa da mercado, do desenvolvimento de produtos adequados ou de canais de distribuição, a meta deve ser tornar-se a escolha preferencial do cliente para a categoria de produto oferecido.



Como começou seu interesse por moda?


Minha mãe possuía uma boutique. Eu cresci frequentando FENIT, FENATEC, showrooms dos Jardins e do Bom Retiro.



Quais os planejamentos para sua carreira (novos livros, dar aula...)? 


Continuar me aprimorando para sempre motivar meus alunos com técnicas e informações atualizadas. Uma edição ampliada do “Inventando Moda” está no horizonte para 2012, e quem sabe outros livros pela frente.



Nenhum comentário:

Postar um comentário