quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Brasil, o país do vírus ladrão

Cibercriminosos brasileiros até exportam conhecimento para bandidos virtuais de outro país

Fábio Assolini, analista de malware da Kaspersky Labs, se reúne algumas vezes com outros especialistas em vírus da empresa. Nessas reuniões, ele sempre recebe um tapinha nas costas de seus amigos. E escuta: “Eis aqui o grande especialista em derrotar os malware ladrões de dinheiro.”
A brincadeira dos colegas de outros países tem uma razão. Fábio mora no Brasil, a nação com a maior porcentagem de vírus ladrões (que roubam dados bancários e pessoais ou simulam sites falsos de bancos).
Segundo o especialista, do total dos vírus criados por criminosos virtuais diariamente, 95% têm esse fim. “Os outros 5% dos vírus são para ajudar na captura de dados pessoais, que, infelizmente, são empregados em fraudes ou outros tipos de crimes.”
O alto número de vírus constatados nos PCs brasileiros, conta Fábio, fez o Brasil ser considerado o país com mais computadores infectados por cavalos de troia bancários do mundo em um relatório produzido pela Kaspersky Security Network.
Os grupos cibercriminosos são tão especializados, explica Fábio, que eles já produzem 36% dos vírus para roubar dados bancários. Além disso, eles exportam os malware para grupos de outros países praticarem o mesmo tipo de crime. “O Brasil, infelizmente, já é referência mundial nessa modalidade de crime organizado.”
Raio X dos malware
Os computadores da Kaspersky investigam, por dia, mais de 30 mil malware e cerca de 3 milhões de spams. Desse montante, cerca de 8%  dos malware são brasileiros, que se espalham, principalmente, via redes sociais e e-mails. O resultado, explica Fábio, coloca o país na 15º posição dos mais atacados por vírus no dia a dia.
“Apesar da posição no ranking, o Brasil deve chegar logo ao topo porque os cibercriminosos daqui já são considerados um dos três que mais produzem vírus no mundo. Eles só perdem para os bandidos virtuais da China e do Leste Europeu”, afirma Fábio.
O país tem outro problema que ajuda nesta estatística, destaca Fábio. O Windows XP, sistema operacional instalado em mais de 50% dos computadores brasileiros, não tem mais atualizações de segurança ou correções oficiais da Microsoft. “Portanto, tem brechas de segurança. E os crackers devem explorá-las para infectar milhares de computadores e roubar os dados dos usuários.”
O problema dos crimes virtuais é tão crescente e perigoso no país que a Kaspersky já tem linha direta com a Policia Federal e a Federação Brasileira de Bancos, a Febraban.
“Como a gente analisa vários vírus por dia, conseguimos identificar os IPs de onde são os ataques e repassamos as informações. A ajuda pode resultar em prisões ou em novas técnicas de segurança para os bancos.” Caraúbas

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