O choque de preços de alimentos foi o principal responsável pela redução de 0,7% em abril ante março nas vendas do setor de hiper, supermercados e demais lojas de produtos alimentícios, bebidas e fumo, que tem o maior peso no indicador de varejo divulgado nesta quarta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Na média entre os ramos pesquisados, as vendas no comércio no país recuaram 3% em abril na comparação com o mês anterior, apresentando a maior queda nesse confronto em toda a série histórica, iniciada em 2000.
No acumulado de janeiro a maio, a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) apresentou alta de 3,09%. Somente os alimentos avançaram 5,48% nesse intervalo, terceira maior alta desde 1995. A inflação nesse setor já supera nesses cinco meses os 3,18% registrados ao longo de todo o ano de 2009.
Para o economista Reinaldo Pereira, do IBGE, além da inflação mais alta, o resultado sofreu o impacto do fim da redução de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para veículos e eletrodomésticos.
No caso de veículos, a queda de 11,7% não influencia o indicador de varejo, pois o ramo também vende no atacado e não integra o índice. Presisona, porém, o resultado do varejo ampliado, cuja retração foi de 4,7% de março para abril.
Para Pereira, não foi apenas o varejo que mostrou arrefecimento em abril, tendência compartilhada por outros indicadores de atividade da economia. "O comércio tem tudo para voltar a crescer e registrar um bom desempenho em 2010. Outros indicadores mostraram que a economia está em processo de desaceleração."
De acordo com o economista, a queda de 3% "é pontual" e "reflete uma acomodação do setor após três meses seguidos de crescimento". Na visão de Pereira, todos os indicadores que sustentaram o nível de atividade do comércio nos últimos meses continuam presentes: alta do emprego, elevação da renda e maior oferta de credito.
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