LONDRES (AFP) - A rede de informação britânica BBC exibiu um documentário na noite desta segunda-feira no qual afirma que o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, recebeu suborno envolvendo decisões na Fifa, a Federação Internacional de Futebol.
Nas vésperas da decisão sobre as sedes das Copas do Mundo de 2018 e 2022, o jornalista Andrew Jennings, que investiga há quase dez anos a corrupção na Fifa, divulgou hoje documentos exclusivos sobre pagamentos realizados pela International Sports and Leisure (ISL), uma empresa de marketing que obteve a exclusividade dos direitos de transmissão de várias Copas do Mundo, mas faliu em 2001.
Os documentos internos da ISL revelam 175 pagamentos de suborno, entre 1989 e 1999, totalizando 100 milhões de dólares, incluindo à empresa de fachada Sanud, ligada a Ricardo Teixeira, membro do Comitê Executivo da Fifa e presidente da CBF.
A BBC afirma ainda que Issa Hayatou, que lidera a Confederação Africana de Futebol (CAF), recebeu em 'cash' um suborno de 100 mil francos, em 1995.
Nicolás Leoz, presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol (CONMEBOL), recebeu o total de 730 mil dólares da ISL.
O documentário informa também que o vice-presidente da Fifa Jack Warner, já acusado de ter revendido entradas para a Copa do Mundo da Alemanha-2006, tentou fazer a mesma operação durante o Mundial da África do Sul, comprando 84.240 dólares em ingressos para revenda.
"O programa é de interesse público e mostra que alguns executivos da Fifa que participam da decisão sobre a candidatura para (a Copa de) 2018 têm um histórico de aceitar subornos", destacou um porta-voz da BBC.
Nicolás Leoz
A divulgação do documentário foi precipitada por denúncias contra dirigentes da Fifa feitas nesta segunda-feira pela imprensa suíça.
Segundo o jornal Tages-Anzeiger, Ricardo Teixeira, Issa Hayatou e Nicolás Leoz faziam parte de uma lista secreta de pagamentos após a falência da ISL, que quebrou em meio a uma polêmica sobre subornos pagos contra a atribuição de contratos de televisão.
Neste caso, um tribunal do cantão suíço de Zug impôs multas a três executivos da ISMM/ISL em 2008 por fraude e crimes contábeis.
Leoz já figurava na lista como receptor de pagamentos suspeitos da agência de marketing, além de outras empresas com sedes em paraísos fiscais, segundo os dados apresentados pela procuradoria suíça em 2005.
Teixeira, Leoz e Hayatou integram o grupo de 22 dirigentes do Comitê Executivo da Fifa que escolherão na próxima quinta-feira as sedes dos Mundiais de 2018 e de 2022.
As acusações da BBC e do Tages-Anzeiger somam-se, entre outras, às denúncias que deixaram o taitiano Reynald Temarii e o nigeriano Amos Adamu de fora da votação do dia 2 de dezembro.
Inglaterra, Rússia e as candidaturas conjuntas Espanha-Portugal e Holanda-Bélgica disputam a organização da Copa de 2018, enquanto Austrália, Estados Unidos, Japão e Qatar desejam organizar o Mundial de 2022.
A organização Transparência Internacional (TI) pediu à Fifa que adie a eleição das sedes das próximas Copas do Mundo, prevista para o dia 2 de dezembro de 2010.
"Estas denúncias poderão fazer desacreditar o procedimento de tomada de decisões da Fifa, já que tomar uma resolução nas atuais circunstâncias apenas serviria para alimentar a polêmica".
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