Pesquisa da USP investigou efeitos da jornada dupla na saúde e na qualidade de vida de universitários
Jovens trabalhadores universitários sofrem déficit crônico de sono, decorrente da jornada dupla que envolve trabalho durante o dia e estudo à noite. Além do sono, alguns hábitos e estilos de vida - como dieta rica em gorduras, consumo de álcool e falta de atividade física - contribuem ainda mais para o quadro preocupante.
As conclusões são de uma pesquisa conduzida por 21 dias na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP), que tem investigado as repercussões na saúde e na qualidade de vida de universitários. Um dos trabalhos do grupo avaliou os efeitos da exposição à luz para reduzir a sonolência nesse público durante as aulas noturnas.
Participaram da pesquisa 27 jovens, entre 21 e 24 anos, provenientes da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) e de outras unidades da USP na capital paulista.
De acordo com Frida Marina Fischer, professora titular da FSP-USP, estudos realizados anteriormente avaliaram a privação de sono decorrente da dupla jornada entre jovens estudantes do ensino médio em escola pública, que trabalham e estudam à noite. Entre eles, a sobrecarga decorrente da longa vigília e da redução de sono é um problema de dimensões mais severas, pois há milhões de brasileiros nessa condição.
“O problema com os jovens no ensino médio em dupla jornada é mais grave quando comparado aos jovens adultos, por atingir indivíduos em formação, menores de 18 anos. Estima-se que uma parte dos jovens trabalhadores que desistem do ensino médio o fazem por causa da intensa fadiga e sonolência associadas à dupla jornada de trabalho e estudo”, disse a coordenadora.
A partir desses estudos anteriores - que tiveram apoio da Fapesp e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) -, o grupo coordenado por Frida desenvolveu outro projeto para avaliar se a luz intensa poderia resultar na diminuição da sonolência durante o período noturno das aulas, que geralmente vai das 19 horas às 22h30.
A pesquisa mostrou que, quando os universitários que trabalham foram expostos à luz com intensidade de 8 mil lux durante 20 minutos - às 19 horas ou às 21 horas -, houve redução dos níveis da sonolência.
O trabalho, intitulado “Jovens universitários e as jornadas duplas de trabalho: repercussões na saúde e na qualidade de vida”, teve seus resultados apresentados na 26ª Conferência da Sociedade Internacional de Cronobiologia, realizada em julho em Vigo, na Espanha; e no 10º Simpósio Latino-americano de Cronobiologia, promovido em Natal (RN), em outubro de 2009.
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